trabalho X família
Desde bem pequena gostamos de brincar com bonecas. Brincamos de mamãe e filhinha, como dizem minhas filhas, trocamos fraldas, damos mamadeira, colocamos o bebê (boneca) no peito para amamentar; ganhamos vassourinha, lixeirinha, rodinho, aspirador de pó… Mesmo nesta era tão tecnológica, em que as crianças já dominam os eletrônicos, essas brincadeiras ainda persistem, na verdade elas podem ser vistas como um treino pra vida real. Os anos vão se passando, e o tempo para brincar, diminuindo…
As brincadeiras vão perdendo espaço para as tarefas da escola, aulas de ballet, natação, inglês… A vida começa a ficar mais séria. Mais responsabilidades, mais cobranças, mais compromissos. Outro dia falei para a Mariana, minha filha de 6 anos que está na segunda série, cheia de tarefas e ainda teria que estudar para as primeiras provas da sua vida. “É filha, a vida tá começando pra valer. Agora não tem mais moleza, não!” Ainda brinquei: “Quer moleza?! Tome sopa de minhoca!” Ela me olhou preocupada e respondeu: “Não mamãe, eu não quero sopa de minhoca, que nojo”.
O tempo passa um pouco mais e a jovem, mesmo se sentindo ainda uma criança, precisa tomar importantes decisões que podem marcar sua vida pra sempre. “Qual curso prestar no vestibular; Namorar ou não com aquele garoto; Mudar ou não de escola, de cidade; Fazer ou não aquele intercâmbio”. Algumas nem podem ter essas dúvidas, pois precisam trabalhar para ajudar no sustento da família. Por isso, precisam, muitas vezes, abrir mão de seus sonhos, ou nem mesmo se dão ao direito de tê-los.
Mais alguns anos e essa, não tão mais jovem, se casa, tem filhos, trabalha fora e dentro de casa, lava, passa, cozinha, arruma, corre, tenta fazer algo pra si, como uma atividade física, mas às vezes não tem tempo ou dinheiro. Corre para ajudar uma vizinha, cuida dos pais, atende à necessidade de uma amiga, enfrenta muitas situações difíceis, problemas muito sérios como abandono ou traição do companheiro, perda de um filho ou alguém muito amado, graves doenças, tratamentos duríssimos. Se olha no espelho todos os dias e vê no rosto as marcas do tempo e da vida. Tenta resistir à cobrança dos outros e de si mesma pela beleza, estética e juventude eternas, mas o espelho insiste em ser seu inimigo.
Sabemos que precisamos priorizar nosso tempo com Deus, sustentar nossa vida e família em oração, e nos culpamos quando não conseguimos fazê-lo.
Talvez você esteja lendo e pensando: “Mas que mulher é esta, Márcia?” Eu lhe respondo com toda a simplicidade e sinceridade do meu coração. Esta mulher sou eu e você, em diferentes etapas da vida. Cada uma de nós passa, passou ou vai passar por isso. Mas somos esta mulher guerreira, batalhadora, que apesar de tudo, tem conseguido vencer. Somos fortes, apaixonadas, intensas, amorosas, carinhosas, cuidadosas, tentamos ser sábias, nem sempre conseguimos, mas vamos caminhando e sabemos que por mais fortes que somos, dependemos total e completamente de Deus. Sabemos e experimentamos Sua força e amor todos os dias, em todos esses momentos. Passamos pela luta, mas saímos vitoriosas, porque temos a Fonte de tudo que precisamos, não em nós mesmas, mas nEle, socorro bem presente na angústia, nosso refúgio, nossa proteção. Apesar de sermos princesas, não temos nosso próprio castelo, pois Jesus é nosso Castelo Forte. Com Ele não estamos sozinhas, abandonadas, humilhadas, traídas ou rejeitadas. Ele nos ama exatamente como somos, nos acolhe, caminha conosco e nos ajuda em cada etapa da nossa vida.
Amo ser mulher, esposa, mãe, filha, irmã, tia, pastora e tudo mais que Deus tem colocado em minhas mãos para fazer.
Espero que você se alegre em Deus e sinta Sua paz e fortaleza ao ler este texto.
Devocionais extraídos Diante do Trono...